Os 420 novos agentes socioeducativos da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Norte (Fundase/RN) estão participando de acolhimento realizado pelos gestores. O grupo foi dividido em quatro turmas para conhecer as diretrizes da instituição e do trabalho desenvolvido nas dez unidades do estado.
A etapa é condição para entrar em efetivo exercício, que se dará nos dias seguintes à atividade inicial. O primeiro acolhimento foi na quinta-feira (20), com 110 servidores, no Centro de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal.
A equipe de Caicó será recepcionada no Case Caicó, nesta segunda-feira (24). Haverá ainda duas turmas em Natal, na quarta (26) e quinta (27), na Escola do Governo. Na sexta (28), será a vez de Mossoró, em local a ser confirmado. A atividade será sempre das 9h às 17h e todos são contactados por e-mail.
Durante o encontro, os agentes são informados sobre rotina e locais de trabalho.
No primeiro acolhimento de agentes, a legislação que fundamenta o trabalho socioeducativo foi mencionada pelo presidente da Fundase/RN, Herculano Campos, lembrando que o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) trata de questões que abrangem desde a estrutura física dos centros de atendimento até a ação dos trabalhadores do setor.
Herculano enfatizou o caráter educativo das medidas de internação e semiliberdade aplicadas a adolescentes e criticou a cultura de punitivismo.
Destacou ainda a importância de cultivar a relação educativa. “Muitos agentes reivindicam armas. Nesta semana, o STF reiterou a inconstitucionalidade disso. Essa busca por aumento de poder sobre o adolescente tem em vista fazer julgamentos diários, aprofundar a sanção que ele está recebendo, o resultado da medida, um castigo”, alertou.
“O nosso trabalho é de caráter relacional em face do adolescente, das famílias, de vítimas e da sociedade, que cobra atitude. Se você quer reiterar a punição, acho que está no lugar errado. A medida socioeducativa requer fazê-los refletir sobre as razões que o fizeram cometer o ato infracional, as implicações disso para a vítima, para os familiares dela e a sua própria família”, continuou o presidente.
A ideia foi reforçada pelo gerente de Atendimento Socioeducativo, Pedro Paiva, que é agente socioeducativo de carreira. “É fundamental mostrar ao adolescente que você não está contaminado pela cultura da violência, nem nas atitudes nem na linguagem. Ele precisa ver em você alguém que vai levá-lo à mudança de paradigma”, comentou, ao destacar que é preciso conhecer o socioeducando.
“Se você não acompanha, não conhece, também não terá capacidade de detectar questões de segurança”, completou.
O assessor do Núcleo de Segurança Institucional, Raimundo Aribaldo, iniciou sua fala reafirmando que a segurança não se separa da ação educativa: “Nossa meta é estabelecer como a segurança se insere na socioeduação. A segurança não diz respeito apenas aos agentes, mas a todos os servidores da unidade”.