O Brasil é um dos países mais conectados do mundo, com a presença digital de pessoas de diferentes faixas etárias, incluindo muitos adolescentes. Nesse cenário, a incidência do bullying virtual, conhecido como cyberbullying, segue alta e acende um alerta para pais e responsáveis, já que, além de vítimas, os jovens podem ocupar o papel de agressores.
De acordo com dados de 2023 da DataReportal, o Brasil está no segundo lugar mundial quando o assunto é conectividade. São 181,8 milhões de pessoas (84% da população) conectadas diariamente. A média de uso nacional é de impressionantes oito horas por dia, com os jovens perdendo apenas para os adultos que utilizam a internet como meio para trabalhar. Fato que demanda freio e atenção.
Para a psicóloga Beatriz Marcelle, da Hapvida NotreDame Intermédica, na busca por proteger seus filhos, os pais devem controlar esse uso e ficar atentos aos sinais da existência de violência psicológica nessas interações virtuais. Além do tempo gasto na internet e do encorajamento que há no anonimato, o bullying presencial não deixou de acontecer.
“Uma criança que passa a não querer mais ir para a escola ou sempre chega triste das aulas, que não quer se alimentar e está se isolando precisa de um olhar cuidadoso dos responsáveis. Por outro lado, uma criança mais insubordinada, que apresenta comportamentos violentos em casa e demonstra certa distorção nas relações de poder também precisa de um olhar atento, a fim de evitar que ela se torne uma praticante de bullying”, aponta.
Já no caso do cyberbullying, o quadro pode ser ainda pior. “A influência da tecnologia no dia a dia de crianças e adolescentes acabou criando novas formas de violência. Nesses casos, as consequências podem ser ainda mais desastrosas, uma vez que, na internet, o alcance do bullying é muito maior e pode tomar proporções gigantescas”, destaca a psicóloga.
Em ambos os casos, família e escola devem se unir a um profissional e/ou a uma equipe de psicologia para formar uma rede de suporte emocional a crianças e adolescentes. “Tanto a vítima quanto o agressor precisam desse sustento triangular, até porque não é incomum que agressores já tenham sido vítimas de bullying e, em busca de uma aceitação social, adotem o mesmo comportamento nocivo”, informa.
Se os pais desconfiarem de qualquer atitude, a profissional recomenda que procurem a escola e algum profissional de Psicologia para buscar ajuda e orientação. Os danos causados por essa violência psicológica, destaca Beatriz, não podem ser minimizados, em razão dos prejuízos que podem causar para esses jovens na fase atual e na vida adulta.