“O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) formou maioria nesta sexta-feira (30) para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e deixá-lo inelegível pelo prazo de oito anos. O voto decisivo foi dado pela ministra Cármen Lúcia.
O placar agora está 4 a 1 pela condenação. Ainda faltam os votos do ministro Nunes Marques e de Alexandre de Moraes, presidente da Corte. Confirmada a condenação e a inelegibilidade, Bolsonaro ficará fora das eleições até 2030.
A maioria da Corte entendeu que o ex-presidente cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação ao fazer uma reunião com embaixadores em julho de 2022 e atacar sem provas o sistema eleitoral. A ação foi apresentada pelo PDT.
Esta é a quarta sessão de julgamento da ação contra o ex-presidente. Na quinta-feira (29), a Corte já havia formado maioria para livrar da condenação e da inelegibilidade o então candidato a vice-presidente na chapa em 2022, Walter Braga Netto.
- 1 de 10Vista da sede do Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília, onde ocorre o julgamento sobre inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL)Crédito: Adriano Machado/Reuters (11.dez.2022)
- 2 de 10Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julga ação contra ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)Crédito: Alejandro Zambrana/Secom/TSE
- 3 de 10Alexandre de Moraes, ministro do TSE, abre sessão da Corte que retoma julgamento de BolsonaroCrédito: Reprodução TV Justiça
- 4 de 10Ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) André Ramos Tavares vota em julgamento sobre inelegibilidade de BolsonaroCrédito: Reprodução
- 5 de 10Ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Floriano de Azevedo Marques vota em julgamento sobre inelegibilidade de BolsonaroCrédito: Alejandro Zambrana/Secom/TSE
- 6 de 10Ministra Cármen Lúcia na sessão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que julga ação sobre inelegibilidade de BolsonaroCrédito: Alejandro Zambrana/Secom/TSE
- 7 de 10Ministro do TSE Raul Araújo justifica voto em julgamento sobre inelegibilidade de BolsonaroCrédito: Alejandro Zambrana/Secom/TSE
- 8 de 10Ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Benedito Gonçalves durante julgamento sobre inelegibilidade de BolsonaroCrédito: Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE
- 9 de 10Ministro Nunes Marques também faz parte da turma do Tribunal Superior Eleitoral que julga inelegibilidade de Jair BolsonaroCrédito: FlickR STF
- 10 de 10O ex-presidente Jair Bolsonaro desembarca no aeroporto Santos Dumont e fala sobre o julgamento no TSE que pode torná-lo inelegívelCrédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil
A defesa do ex-presidente poderá recorrer da decisão ao próprio TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas o efeito da inelegibilidade é imediato. O advogado de Bolsonaro no caso, Tarcísio Vieira de Carvalho, já indicou que acionará o Supremo.
Antes de recorrer ao STF, é preciso esgotar todas as possibilidades de recurso na Corte eleitoral. Assim, a condenação deverá ser contestada pelo chamado “embargo”. O instrumento não tem o potencial de alterar a decisão, e permite esclarecer eventuais contradições e obscuridades no acórdão. Também não serve para suspender o efeito de eventual decretação de inelegibilidade.
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O recurso ao Supremo precisa, antes, ser apresentado ao TSE para verificação dos requisitos de sua admissibilidade. No STF, os três integrantes da Corte que participam do TSE (Moraes, Cármen e Nunes), ficam excluídos da distribuição do recurso.
Ao fim, a iniciativa também tende a não prosperar. Isso porque quem dá a última palavra em temas eleitorais é o TSE. O Supremo avaliaria eventuais ofensas à Constituição no caso. Os três ministros do Supremo que atuam no TSE podem participar de um eventual julgamento no plenário.
Julgamento
O voto pela condenação e inelegibilidade de Bolsonaro foi apresentado pelo relator do caso, ministro Benedito Gonçalves, na terça-feira (27). Acompanharam o entendimento os ministros Floriano de Azevedo, André Ramos Tavares e, agora, Cármen Lúcia.
O ministro Raul Araújo é o único a divergir até o momento, votando contra a condenação e a inelegibilidade de Bolsonaro.
A ação contra o ex-presidente foi movida pelo PDT e contesta uma reunião realizada por Bolsonaro com embaixadores, em julho de 2022, no Palácio da Alvorada. Na ocasião, o então presidente fez ataques ao sistema eleitoral. O encontro foi transmitido pela TV Brasil e por perfis de Bolsonaro nas redes sociais.
Ao votar para condenar Bolsonaro, o ministro Benedito Gonçalves disse ter ficado comprovado abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação pela reunião com embaixadores.
Conforme o relator, as provas do processo apontam para a conclusão de que Bolsonaro “foi integral e pessoalmente responsável pela concepção intelectual do evento” com embaixadores.
“Isso abrange desde a ideia de que a temática se inseria na competência da Presidência da República para conduzir relações exteriores — percepção distinta que externou o ex-chanceler ao conceituar a matéria como um tema interno — até a definição do conteúdo dos slides e a tônica da exposição — que parece ter sido lamentada pelo ex-chefe da Casa Civil”, afirmou.
Benedito Gonçalves foi duro nas palavras usadas em seu voto. Ele disse que teorias conspiracionistas e mentiras de Bolsonaro não estão respaldadas na liberdade de expressão e que o ex-presidente usou as redes sociais para incitar dúvidas, insegurança, desconfiança e paranoia coletiva.
Gonçalves afirmou ter ficado constatado que a estrutura e o serviço do Poder Executivo foram “rapidamente mobilizados para a viabilizar a reunião”. Para o relator, a magnitude do evento com embaixadores não se mede pelos custos da atividade.
Conforme o voto, os representantes estrangeiros que foram à reunião assistiram “por mais de uma hora” a uma apresentação em que Bolsonaro fez “elogios” a “si próprio e a seu governo”, críticas à atuação de servidores públicos, “ilações a respeito de ministros” do TSE, além de “supostas conspirações para que seu principal adversário viesse a ser eleito, exaltação às Forças Armadas, defesa de proposta de voto impresso, recusada pela Câmara dos Deputados quase um ano antes e alerta contra a inocuidade das missões de observação internacional”.
“O improvável fio condutor de todos esses tópicos foi a afirmação de que houve manipulação de votos nas eleições de 2018 e que era iminente o risco nas eleições de 2022”, citou.”
Fonte: CNN BRASIL – https://www.cnnbrasil.com.br/politica/tse-forma-maioria-para-condenar-bolsonaro-e-deixa-lo-inelegivel-por-8-anos/https://www.cnnbrasil.com.br/politica/tse-forma-maioria-para-condenar-bolsonaro-e-deixa-lo-inelegivel-por-8-anos/